Os membros dos Animal Collective não param, em 2007. Depois dos discos de Panda Bear, isto é, Noah Lennox ("Person Pitch") e Avey Tare, ou seja, David Porter (o polémico e invertido "Pullhair Rubeye", a meias com Kria Brekkan, membro dos Múm e sua esposa), ambos deste ano, a 10 Setembro chega o sucessor de "Feels" (2005), com o sugestivo nome "Strawberry Jam". O primeiro avanço, Peacebone, promete...
Passam já dez anos sobre aquela que é, talvez, a melhor obra prima musical dos últimos 30 anos. Um disco que marca uma geração de músicos e melómanos, com música intemporal, superiormente escrita e arranjada e com a produção insuperável do então desconhecido Nigel Godrich, que havia assistido John Leckie na produção de "The Bends" (1995), e da própria banda. O disco pode ser visto como «O definitivo guia para a sobrevivência nas sociedades modernas ocidentais», com foco especial na pressão e alienação do ser humano, causada por uma evolução social e tecnológica, que processou informação excessiva em relação ao que o Homem consegue assimilar. A mecanização e automatização das acções humanas - já não resultado da vontade consciente da pessoa - vai sendo explorada ao longo do disco (como exemplos, Paranoid Android, Let Down, No Surprises e, por todas, Fitter Happier).
O disco começa com Airbag. A batida de Phil Selway e o riff de guitarra de Jonny Greenwood constroem a rede de sustentação para uma música que apresenta uma estrutura convencional de canção, estrofe/refrão. No entanto, todo o trabalho de guitarras e percussão que vai acontecendo em pano de fundo, como que uma parede sonora, é absolutamente impressionante, até que tudo se caotiza mais para o final, com o noise das guitarras e dos mais variados instrumentos de percussão utilizados e sons computorizados.
A seguir, chega o primeiro single de apresentação de "OK Computer", Paranoid Android. 3 músicas comprimidas e juntas numa, o que originou algumas comparações com Bohemian Rhapsody, dos Queen. Musicalmente, é uma espécie de junção entre uns Pink Floyd dos anos 70 e uns Radiohead de "The Bends"; liricamente, é inspirada na personagem Marvin, o boneco que podem ver na barra lateral direita (na versão cinematográfica de 2005), de "The Hitchiker's Guide to the Galaxy", do escritor britânico Douglas Adams. Não há muito a dizer mais sobre esta música, para além de que a considero a melhor música dos anos 90 e uma das melhores e mais inovadoras musicas de sempre. Tudo está pensado e executado ao milímetro. Os riffs das guitarras que vão dando os diferentes motes às sub-músicas são muito inteligentes, todos os sons que ouvem estão pensados ao milímetro e têm que escutar a músicas umas boas dezenas de vezes até os conhecerem todos. Desde a bateria clínica de Phil Selway, passando pela excelente linha de baixo de Colin Greenwood, os solos esfuziantes de Jonny Greenwood, o preenchimento de som por Ed O'Brien até à frágil e lindíssima voz de Yorke... está tudo lá. Ainda sobre esta música, impossível esquecer o seu assombroso vídeo, realizado por Magnus Carlsson, responsável pela série animada "Robin", cujas personagens são "estrelas" do vídeo.
Desta vez, um vídeo sem vídeo. Cerca de 70.000 fotografias são o pano de fundo para a música Running Away, o convite para a entrada em "The Fragile Army", do colectivo The Polyphonic Spree, a sair esta semana.
Running Away, The Polyphonic Spree "The Fragile Army" (2007)
Black Hole Sun, Soundgarden "Superunknown" (1994) Realizador: Howard Greenhalgh (Why Not Videos)
Se os vídeos devem servir a música que pretendem promover, neste caso, vídeo, música e letra estão em perfeita sintonia. Muitas versões se fizeram já deste tema, algumas excelentes. Fiquem, desde já, por curiosidade, com a versão "música-de-elevador" de Black Hole Sun dos Moog Cookbook.
Após várias tentativas e muita frustração de Yorke, a coisa lá saiu perfeitinha - como é possível ver no rockumentário "Meeting People is Easy" (1998)...
No Surprises, Radiohead "Ok Computer" (1997) Realizador: Grant Gee