Quarta-feira, 04.11.09

Posts que não vão mudar a vossa vida


Só quem nunca ouviu - ou seja muito 'agreste' dos ouvidos - não se apercebeu que Nick Drake era um compositor de excepção.
Talvez não tão óbvio (e para não se perder de todo o fio do post anterior) é o facto de ter sido um guitarrista fabuloso.

Desde logo, foi um rapaz que muito explorou as diferentes afinações da guitarra, em especial nas denominadas 'afinações abertas' (traduzido do inglês 'open tunnings'), que são, no fundo - e para quem só pegou numa guitarra para bater na cabeça de um transeunte incauto -, aquelas que permitem a obtenção de um acorde sem o uso da mão esquerda, isto é, só com os golpes nas cordas por intervenção da mão direita(*). 'Aberta', lá está.

Mas não era apenas isso. Bem mais. 'O meu reino e um cavalo pela mão direita do homem' é o que me vem à cabeça dizer (**). Pense-se que o que Nick Drake está a fazer na guitarra é, já de si, difícil. Depois, reflicta-se(***) que essa coisa difícil é acompanhada pela voz do próprio.
Pois! Quando pensamos nestes elementos em simultâneo, a coisa fica tão linear como uma litografia de M.C. Escher...

Na 'demo' que colocamos abaixo - e que faz parte, juntamente com outro material de Drake raro, prévio ao disco de estreia de 1969 e não editado, do disco "Family Tree" (2007) -, é notória a dificuldade do nosso herói em tocar e cantar uma das suas excelentes composições, tanto que o homem se engana e até o ouvimos rir disso, no meio da gravação. Mas, incontornavelmente, herói que é herói recompõe-se e leva a tarefa até ao fim. Antes de o dia acabar.

Day Is Done (demo) - Nick Drake

____________________
(*) partindo do pressuposto que o guitarrista é destro, claro.
(**) eu não penso muito no que estou a escrever; e não me vem muita coisa à cabeça; e, quando vem, cerca de 90% é lixo... quer dizer, este tasco é de borla, sim?
(***) como sei que gostam bastante de reflectir, meti uma forma verbal reflexa no verbo reflectir, de modo a poderem reflectir enquanto reflectem.
publicado por Olavo Lüpia às 02:19 | link do post | comentar | feedbacks (7)
Domingo, 21.12.08

Palavras para quê? (XIX)/Domingo no mundo


Sunday - Nick Drake
"Bryter Layter" (1970)
publicado por Olavo Lüpia às 18:16 | link do post | comentar | feedbacks (1)
Quarta-feira, 01.10.08

Da inspiração - River Man & Round The Bend

Partimos de Beck e de "Sea Change", mais uma vez, até chegarmos ao monumento intemporal "Five Leaves Left"de Nick Drake. Desta vez, uma espécie de revisitação ao fabuloso River Man, com o nome Round The Bend.


River Man, Nick Drake
"Five Leaves Left" (1969)

Round The Bend, Beck
"Sea Change" (2002)
publicado por Olavo Lüpia às 07:00 | link do post | comentar
Quarta-feira, 20.02.08

If Not For You



One of These Things First - Nick Drake
"Bryter Layter" (1970)
publicado por Olavo Lüpia às 01:13 | link do post | comentar | feedbacks (3)
Segunda-feira, 07.05.07

Pink Mo(o)ndays...


De antologia.

Pink Moon
Wich Will
Things Behind The Sun
Parasite

Nick Drake, "Pink Moon" (1972)
publicado por Olavo Lüpia às 02:05 | link do post | comentar | feedbacks (1)
Quinta-feira, 08.03.07

Ela por ele

Mulher da Erva, José Afonso - "Cantigas do Maio" (1971)
Girl From The North Country, Bob Dylan - "The Freewheelin' Bob Dylan" (1963)
A Woman is a Sometime Thing, Louis Armstrong - "Porgy & Bess" (1957)
Mulher Navio Negreiro, Tom Zé - "Estudando o Pagode - Na Opereta Segregamulher e Amor" (2005)
Aqui Dentro de Casa, José Mário Branco - "Margem de Certa Maneira" (1973)
Etelvina, Sérgio Godinho - "À Queima Roupa" (1974)
Eleanor Rigby, The Beatles - "White Album" (1968)
Josiesomething, Zita Swoon - "A Song About A Girls" (2004)
The Thoughts of Mary Jane, Nick Drake - "Five Leaves Left" (1969)
The Woman in You, Ben Harper - "Burn To Shine" (2000)
Mulheres de Atenas, Chico Buarque - "Meus Caros Amigos (1976)
Johnsburg, Illinois, Tom Waits, "Swordfishtrombones" (1983)
Hallelujah, Jeff Buckley - "Grace" (1994)

(botão direito do rato + guardar como)
publicado por Olavo Lüpia às 01:08 | link do post | comentar
Terça-feira, 09.01.07

10/10 (dez-em-dez) - "Five Leaves Left", 1969



3 discos, música intemporal, uma vasta legião de influenciados e seguidores. Qualquer desses discos é merecedor da classificação "10/10", se bem que, ainda assim, expresse a minha preferência por este "Five Leaves Left" e por "Pink Moon" (1972). De permeio, encontra-se o também excelente "Bryter Layter" (197o) - único gravado com uma verdadeira banda, onde se incluiam, entre outros, John Cale, tocando teclas e harpa).
É difícil escolher palavras para Nick Drake. Tinha uma voz fabulosa, era um compositor de mão cheia e um guitarrista excelente. A sua música encontra-se dentro do universo da folk tradicional britânica (pondo-o a par de Bert Jansch, por exemplo), não deixando, no entanto, de se mutar, por exemplo, em canções pop perfeitas (como Saturday Sun).
A verdade, no entanto, é que Nick Drake passou completamente despercebido enquanto foi vivo - a letra de Fruit Tree (link abaixo) é assustadora(mente bela), em relação a isso.
Os ambientes criados por Drake nas suas músicas mexem com o ouvinte e sugerem-lhe as mais variadas imagens, quase que dispensando a voz. Mas eis que ela aparece, quase sempre como um lamento, desconcertando o que resta de quem ouve - a título meramente exemplificativo, ouça-se River Man ou Day Is Done.
A melancolia e a depressão (Day Is Done), o bucolismo (The Thoughts Of Mary Jane), o romance falhado (Time Has Told Me) e a efemeridade da vida (Fruit Tree) são os estados de espírito dominantes das canções de "Five Leaves Left" - e de Drake, em geral.
O ponto de partida para as canções deste disco é sempre a guitarra acústica de Drake, ao que se lhe juntam o baixo de Danny Thompson, cordas, com arranjos de Robert Kirby, e a excelente percussão de Rocky Dzidzornu - ouça-se Three Hours e Cello Song.
A produção de Joe Boyd completa o quadro, dando um corpo sólido e coerente ao som de Drake.

Sempre relutante em actuar ao vivo, Drake ganhou também aversão a gravar discos depois do minimalismo (mais uma vez) incompreendido de "Pink Moon". Os seus problemas psiquiátricos foram tomando a sua vida por completo, deixando-o hospitalizado por diversas vezes.
Em 25 de Novembro de 1975, Drake morre aos 26 anos, ao que tudo indica devido a uma overdose de anti-depressivos. O mundo perdeu um dos seus compositores mais intrigantes e promissores.
Daí que, profecia-puxa-mito, este "Five Leaves Left" parecia absurdamente premonitor, tendo em conta os 5 anos que restaram entre a sua edição e a morte do "profeta", cumprindo-se, in totum, a profecia de Fruit Tree.
Misticismos à parte, o que realmente interessa dizer é que "Five Leaves Left" contém em si 10 músicas eternas. Ei-las, por ordem e das mais variadas maneiras possíveis:


Time Has Told Me


River Man

Three Hours

Way To Blue


Day Is Done


Cello Song

The Thoughts Of Mary Jane

Man In a Shed


Fruit Tree

Saturday Sun

(letras)
publicado por Olavo Lüpia às 01:16 | link do post | comentar
Sábado, 28.10.06

Saturday Sun

De um dos meus mitos (sim, mais um morto!) preferidos, Nick Drake, uma bela reflexão sobre o dia de hoje.
É do incontornável e lindíssimo "Five Leaves Left" (1969). Tendo em atenção a qualidade e influência do legado que Drake nos deixou (em apenas 3 discos!!), não se espantem que eu fale dele mais um bom punhado de vezes por aqui.
Por agora...

Saturday Sun - Nick Drake
publicado por Olavo Lüpia às 23:47 | link do post | comentar

pesquisar neste blog

 

subscrever feeds

Rock Stock

Bichos Protegidos da Serra da Malcata

posts recentes

tags