Quarta-feira, 23.09.09

23.09.1949 - 23.09.2009

Esta noite, o velhinho & a sua família alargada devem fazer uma festa com a alegria rock n' roll das duas que em baixo se deixa.


Ramrod, Bruce Springsteen & The E Street Band
(Barcelona, 2002)


Detroit Medley*, Bruce Springsteen & The E Street Band
(Landover, Maryland, 1980)

publicado por Olavo Lüpia às 12:51 | link do post | comentar
Terça-feira, 22.09.09

Especial Bruce Springsteen #8 - "Darkness On The Edge Of Town"


Depois de "Born To Run", Springsteen gastou o chão dos palcos, tendo também que deglutir a atenção que o disco de 1975 tinha gerado à sua volta. Mas não era apenas isso que impedia Springsteen de voltar aos discos.
Bruce manteve durante dois anos um proceso judicial contra o seu ex-manager, Mike Appel, período no qual o compositor se manteve afastado das sessões de gravação.

Com este reboliço, a música de Springsteen acabou por ficar mais 'escura' e menos optimista. Os personagens "freak" e os românticos, e os "freaks" românticos, dão lugar a personagens mais terrenas; o modo de vida adolescente ou pré-adulto dá lugar a um mais adulto; o escape da noite ao dia de trabalho.
Tudo isso pode ser ouvido em "Darkness On The Edge Of Town": o ajuste de contas com o progenitor, no rock pesado de Adam Raised A Cain; as forças e circunstancialismos que nos dominam, em Racing In The Streets e no fabuloso tema-título; um amor um pouco mais maduro em Prove It All Night e um pouco mais selvagem, no amor por uma prostituta, em Candy's Room; o valor do esforço e do trabalho em Badlands, Factory ou The Promised Land.
Apesar de haver músicas que acabaram por se tornar símbolos da carreira de Springsteen e marcos ao vivo, como Darkness On The Edge Of Town, Racing In The Streets ou Candy's Room, não há 'hits'.
Curiosamente, e com o escopo de manter o disco 'focado', Bruce Springsteen tinha 'oferecido' Because The Night a Patti Smith - co-autora do tema - ou Fire às Pointer Sisters, músicas que acabaria por ter grande visibilidade comercial. Obviamente que Springsteen continuou a tocar esses temas ao vivo.

Há ainda a referir a excelente Streets Of Fire, que acabaria por dar o nome ao conhecido filme de Walter Hill de 1984 - o tal que, musicalmente, acabou por nos dar a conhecer Nowhere Fast. A ideia dos produtores do filme era usar a música de Springsteen na banda sonora. No entanto, quando Springsteen se apercebeu que a ideia era que o tema fosse re-gravado para caber na personagem principal feminina do filme, representada pela belíssima Diane Lane, recuou na permissão de uso dos direitos da canção.

Temos então um disco, um grande disco, introspectivo e intimista como os anteriores nunca foram, de que Something In The Night é talvez o melhor exemplo. Um disco de um Springsteen bem diferente que aquele que conhecíamos até "Born To Run" e que, em grande parte, começa a definir uma parte do Springsteen que temos desde então.

Adam Raised a Cain
Streets Of Fire
publicado por Olavo Lüpia às 01:00 | link do post | comentar | feedbacks (2)
Segunda-feira, 21.09.09

Especial Bruce Springsteen #7/Blue Mondays...


The Angel, "Greetings from Asbury Park, N.J." (1973)
4th of July, Asbury Park (Sandy), "The Wild, The Innocent & The E Street Shuffle" (1973)
Darkness On The Edge Of Town, "Darkness On The Edge Of Town" (1978)
Drive All Night, "The River" (1980)
My Father's House, "Nebraska" (1982)
Downbound Train, "Born In the U.S.A." (1984)
publicado por Olavo Lüpia às 12:36 | link do post | comentar
Domingo, 20.09.09

10/10 (dez-em-dez)/Especial Bruce Springsteen #6 - "Born To Run"


Para começar, este é um dos melhores de rock de sempre, venha o que vier.
A primeira curiosidade é a de que as canções de "Born To Run" foram compostas por Springsteen ao piano, e não à guitarra. Talvez dito isto se perceba melhor algumas das opções de composições e arranjos do disco.

O disco começa com o que Springsteen chamou um convite, não só à Mary da letra, mas a todos os ouvintes. Um escape, um "vamos embora?", a ideia que tudo estará bem se sair de uma terra pequena e opressiva. Thunder Road transformou-se, por direito próprio, num hino rock intemporal. Um pouco ingénuo, como o é o tema-título, mas genuíno:

Thunder Road

« (...)
There were ghosts in the eyes
Of all those boys you sent away

They haunt this dusty beach road

In the skeleton frames of burned out Chevrolets


They scream your name at night in the street
Your graduation gown lies in rags at their feet

And in the lonely cool before dawn

You hear their engines roaring on

But when you get to the porch
They're gone
on the wind,
so Mary climb in

It's a town full of losers

And I'm pulling out of here to win
»

E quantos Win Butler (Arcade Fire) cabem nestas estrofes?

A seguir vem o soul-funk de Tenth Avenue Freeze-Out. Springsteen estava a ter alguns problemas com a música, até que Steve Van Zandt apareceu no estúdio e fez os excelentes arranjos dos sopros que podemos ouvir. Steven Lento, aliás, Steve Van Zandt, aliás, Little Steven, aliás, Miami Steve, aliás, Silvio Dante ("Sopranos") entraria na E Street Band na digressão de "Born To Run", onde ainda hoje se mantém - saíu em 1985 e voltou com a re-fundação da banda na segunda metade dos 90's. Contribuiu também com vozes secundárias em Thunder Road.

Tenth Avenue Freeze-Out

Backstreets é outro dos emblemas do disco e da carreira de Springsteen. Épico, 'larger than life', lindíssimo. Conta a história da relação 'envergonhada' entre o narrador e a personagem Terry, forçados a esconder o seu amor, até que a relação tem o seu fim e a personagem Terry encontra outro homem, com quem acaba por se ir embora.


Backstreets, Bruce Springsteen & The E Street Band
ao vivo no Hammersmith Odeon, Londres, 1975.



Born To Run

O segundo lado do disco começa com o tema-título, dando depois lugar ao rock com ritmo à John Lee Hooker de She's The One.
A seguir temos a história dos preparativos para um encontro ilícito pela noite, um golpe que pode ser a única esperança para as desesperadas personagens da canção. Springsteen dispensa a E Street Band para ser acompanhado por um trio de músicos jazz (piano, baixo e trompete).

O grande final guarda-nos Jungleland. Ainda mais épica e cinematográfica que o resto do disco, a derradeira música de "Born To Run" é uma das melhores músicas de Springsteen.
A introdução do violino e piano prepara o início da história de amor num contexto de violência de gangs dos subúrbios, a história de Rat e Barefoot Lady.
Um dos momentos mais marcantes da canção é o solo de saxofone de Clarence Clemmons. No documentário "Wings For Wheels" que saiu com a edição especial do 30.º aniversário de "Born To Run", ficamos a saber que o solo é, afinal, da autoria de Bruce Springsteen, que conduz Clemmons do início ao fim do solo, quase nota por nota. Mais um exemplo de que "Born To Run" é mesmo uma poderosa criatura saída da imaginação prodigiosa de um miúdo de 25 anos.

Jungleland

O disco, beneficiando de uma campanha publicitária generosa da 'Columbia Records', acaba por explodir e levar Springsteen à capa da 'Time' e da 'Newsweek'. Era uma espécie de salvador do rock n' roll americano - depois das mortes de Hendrix e Joplin, do fim dos Beatles e dos desaparecimentos de Dylan (curiosamente, também é em 1975 que Dylan volta aos grandes discos, com "Blood On The Tracks") - como mais tarde se refeririam a Kurt Cobain e, mais recentemente, aos Arcade Fire.
publicado por Olavo Lüpia às 17:32 | link do post | comentar

Especial Bruce Springsteen #5 - Born To Run



Foi de parto muito difícil, "Born To Run". Springsteen começou a trabalhar para ele logo depois da saído do seu predecessor. Foi concedido a Bruce um orçamento mais 'compostinho' que os anteriores para o gravar.
O próprio cantautor consciencializou-se que este disco era o seu grande momento definição: era a explosão ou a implosão, para um Springsteen ainda com os seus 24 anos.
A pressão começou a instalar-se. O que nem foi anormal, se pensarmos na visão de Springsteen para o novo disco: 'Bob Dylan cantado por Roy Orbison com produção de Phil Spector' e a sua parede de som. Modesto, pois.

Durante o ano de 1974, Vini Lopez deixou o cargo de baterista, tendo sido substituído temporariamente por Ernest "Boom" Carter. Sancious viria também a deixar a banda, nesse ano.
É ainda com a formação Springsteen-Clemmons-Tallent-Federici-Sancious-Carter que uma primeira versão (com uma mistura diferente) da canção Born To Run é gravada e entregue pelo seu manager Mike Appel à rádio, em Novembro 1974.

Born To Run (versão alternativa)

Carter e Sancious saem, entretanto, da banda, substituídos por dois membros que ainda hoje fazem parte da E Street Band: o 'Professor' Roy Bittan (piano) e Max Weinberg (bateria).

Born To Run (a canção) é um excelente mote para "Born To Run" (o disco).
O som é épico, partes múltiplas de composição, camadas múltiplas de som, uma letra romântica - do bom tipo de romantismo: aquela invencibilidade positiva e imortalidade sonhadora que só os vinte-e-poucos podem oferecer.
Só que a saída de Born To Run aumentou ainda mais as suas expectativas em torno do que daí adviria. O disco tinha de corresponder. Springsteen tinha muitas ideias e sons na sua cabeça e não os conseguia transmitir aos colegas de banda. Pela afinidade de referências musicais, Springsteen chamou Jon Landau, o crítico musical que, ainda em 1973, dizia ter visto o furo do rock em Bruce. Jon Landau nunca mais deixou Springsteen nem de produzir os seus discos, o que acumula com as funções de manager.
"Born To Run" acaba por sair em Agosto de 1975.
publicado por Olavo Lüpia às 16:19 | link do post | comentar
Sexta-feira, 18.09.09

Porque hoje é Sexta.../Especial Bruce Springsteen #4


(1973. Da esquerda para a direita: Clarence Clemmons, Bruce Springsteen,
David Sancious, Vini 'Mad Dog' Lopez, Danny Federici, Garry Tallent)


The E Street Shuffle
Kitty's Back
publicado por Olavo Lüpia às 09:00 | link do post | comentar | feedbacks (2)

Especial Bruce Springsteen #3 - "The Wild, The Innocent & The E Street Shuffle"


Ainda em 1973, no mês de Setembro, Springsteen lança o seu segundo disco, "The Wild, The Innocent & The E Street Shuffle". Para mim, um dos melhores do homem. Um disco de poucas, mas grandes músicas.

Para surpresa de muitos que possam não conhecer totalmente a discografia do homem, é um disco onde a 'música negra' (usemos esta denominação grossa para facilitar) tem um grande papel de destaque. Tem muito soul, muito R&B, muito funk. Acaba por se notar muito a influência do excelente pianista jazz David Sancious. Aliás, a banda - que aí ainda não se chamava oficialmente E Street Band - acaba por ficar com o nome da rua onde morava a mãe de Sancious, num dos bairros de New Jersey. Diga-se que Sancious acaba por brilhar um pouco por todo o disco, com especial destaque o solo de órgão de Kitty's Back ou a introdução de antologia New York City Serenade, que acaba o disco.

O feel do disco é muito 'ao vivo' e em algumas alturas os tons são muito jazzy, dando a sensação de termos apanhado algum ensaio gravado da banda. Os temas (7, ao todo) apresentam uma duração média a rondar os 6,5/7 minutos. A presença dos metais é incontornável e o sentimento funk/soul está presente em The E Street Shuffle ou Kitty's Back, enquanto que Rosalita (Come Out Tonight) é a autêntica festa rock n' roll.

Mas não é apenas disto que vive o disco, temos também a balada imortal com inspiração no Van Morrison de "Astral Weeks" (1968) - uma presença que paira sobre algumas partes do disco -, 4th Of July, Asbury Park (Sandy), ou a fabulosa 'folkalhada' de Wild Billy's Circus Story, onde a guitarra e harmónica de Springsteen (creio ser a única aparição da harmónica nos primeiros dois discos de Springsteen, o que também não deixa de ser surpreendente) se juntam ao acórdeão de Danny Federici e à tuba do baixista Garry Tallent para contar a história de uma cambada de personagens 'freak' de um circo em digressão. E temos tudo isto e mais outro tanto na música que acaba o disco, um 'tour de force' de dez minutos, New York City Serenade.

Liricamente, é um disco de histórias dos subúrbios e o rol de personagens, todas elas mais ou menos disfuncionais é impressionantemente extenso: Power Thirteen e sua senhora, Little Angel; a Sandy; Catlong, Kitty, Sally, Big Pretty and Jack Knife; um circo inteiro (o anão, a gorda 'Big Mama', trapezistas, o engolidor de fogo...); o 'Spannish Johnny' e a 'Puerto Rican' Jane; Rosalita e seus pais; Billy e 'Diamond' Jackie, entre outros.

Um belíssimo trabalho, portanto, bem aceite pela crítica, como o anterior, mas, igual que tal, com muito pouco sucesso comercial. Alguns temas serão, com certeza, uma surpresa para quem não conhecer bem a discografia de Springsteen.

Wild Billy's Circus Story
New York City Serenade
publicado por Olavo Lüpia às 00:50 | link do post | comentar | feedbacks (1)
Quinta-feira, 17.09.09

Especial Bruce Springsteen #2 - "Greetings From Asbury Park, N.J."


No começo de 1973, Bruce Springsteen inicia-se nos Long Play's, com um "olá!" efusivo da sua terra natal.
A E Street Band estava formada, contando nesta altura com o 'braço direito', o 'Big Man' Clarence Clemmons no saxofone, Garry W. Tallent no baixo (ambos ainda hoje membros da banda), 'Phantom' Danny Federici nas teclas (membro da banda até à sua morte, devido a um melanoma, no ano passado), David Sancious no piano e Vini 'Mad Dog' Lopez na bateria (membros da banda até 1974).

Blinded By The Light

O disco começa com um Springsteen em aturada consulta ao seu dicionário de rimas [*], com as sonoridades, rock, jazz e R&B de Blinded By The Light - música que, apesar de ter sido à altura lançada como single, apenas teve alguma notoriedade quando, alguns anos depois foi objecto de uma versão pela Manfred Mann's Earth Band.

Belíssimas histórias: o retrato romanceado do crescimento, em Growin' Up; a saga de Mary Queen of Arkansas, que exerce um domínio quase obsessivo, muito amor e algum ódio, sobre o seu cantor («You're not man enough for me to hate/Or woman enough for kissing»); a escuríssima história do anjo que se faz acompanhar de crianças corcundas, com veneno a escorrer do motor (The Angel); e uma saída ébria de um grupo de amigos num sábado à noite, em Spirit In The Night.
Nele podemos encontrar uma grande heterogeneidade de sons, o folk (Mary Queen of Arkansas, The Angel) dá lugar ao R&B (For You, Spirit In The Night ou It's Hard To Be a Saint In The City), que dá lugar ao pop e o rock (Growin' Up).

Mary Queen Of Arkansas

A escolher uma música como peça principal de um excelente disco inicial, as honras têm que ser feitas a Lost In The Flood: rock progressivo sombrio, narrando o folclore, ora heróico (Jimmy, The Saint) ora lúgubre, de New Jersey.

Lost In The Flood

publicado por Olavo Lüpia às 00:59 | link do post | comentar
Quarta-feira, 16.09.09

Especial Bruce Springsteen #1 - Growin' Up

Uma das ideias que se tem de Bruce Springsteen, muito querida a qualquer americano - o 'average Joe' -, é a de que ele é "um de nós", um tipo perfeitamente normal, que, se o víssemos e não conhecêssemos, só à 57.ª vez (número caro ao Boss) e com juras ajoelhadas nos convenceríamos detentor de um qualquer talento artístico.
Conhecendo-o, e até às dois, três anos, quando toda a gente voltou a acordar para Springsteen, a ideia era a de um rocker velho, gasto, com músicas de três acordes e algum talento para juntar palavras. As probabilidades de um melómano mais intelectual olhar para Springsteen com admiração, por poca que fosse, eram tão grandes como as do Desportivo das Aves ganhar um campeonato nacional de futebol profissional.
Filho de um motorista de autocarros e de uma bibliotecária, Springsteen nasceu (Long Branch) e cresceu (Freehold) em New Jersey. Adolescência rebelde, relação problemática com um pai austero, que não entendia um tipo de cabelo comprido sempre agarrado a uma guitarra, e com a mania do rock, que queria que ele fosse um advogado (enquanto que a mãe preferia que fosse escritor), que lhe cortou o cabelo na cama de um hospital depois de um acidente de mota, a primeira banda que se conhece de Springsteen são os Castiles, em '65.
Mais tarde, fez parte do 'power trio' Earth, onde ganhou a alcunha que ainda hoje ostenta, The Boss, porque era quem ia receber o cachet e o distribuía pelos outros membros da banda; depois apareceram os Steel Mill, onde conheceu alguns músicos que viriam a fazer parte da E-Street Band, casos do teclista Danny Federici, do baterista Vini 'Mad Dog' Lopez e do 'Soprano' Steve Van Zandt; ainda há o registo de mais umas quantas bandas passageiras, como Dr. Zoom & The Sonic Boom, Sundance Blues Band e The Bruce Springsteen Band (entre '71 e os inícios de '72).
E assim chegamos a 1972, quando Springsteen junta à banda o pianista David L. Sancious e funda a E-Street Band.
Em 3 de Maio e já com o management assegurado por Mike Appel e Jim Cretecos, Springsteen faz uma audição bem sucedida frente a John Hammond (que havia 'descoberto Dylan dez anos antes), nos estúdios da Columbia, em NY, garantindo o seu primeiro contrato discográfico, enquanto continuava a fazer espectáculos, com banda e a solo, pelos bares daquela cidade.
Em baixo fica o registo em vídeo de Growin' Up - uma espécie de caricatura do artista enquanto jovem - desse ano e uma versão ao vivo do mesmo tema, num espectáculo em Cleveland da 'Darkness Tour', de 1978, com os seus característicos monólogos, meio storytelling, meio stand-up comedy, que haviam também de se lhe colar à imagem - para além da duração dos próprios concertos.


Growin' Up, Bruce Springsteen
10.08.1972, no 'Max's Kansas City', NY

Growin' Up - Bruce Springsteen & The E-Street Band
09.08.1978, Agora Theatre, Cleveland.
publicado por Olavo Lüpia às 01:46 | link do post | comentar | feedbacks (1)

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