Um início excelente para "Boxer", com Fake Empire e a sua construção musical até à entrada de surpresa dos sopros, leva-nos até à excelente Mistaken for Strangers, uma (ou mesmo "a") música maior do disco. Referências incontornáveis a Mark Eitzel e aos seus American Music Club, mas também, a espaços, a Joy Division, New Order ou Leonard Cohen, Tindersticks e Walkabouts... e canções. Um bom punhado delas. Muito boas. Brainy parece talhada para a condução nocturna, faltando apenas alguma explosão para parecer saída de uns Arcade Fire, enquanto Squalor Vitoria vive da secção rítmica - excelente em todo o disco, diga-se. Segue-se a calma de Green Gloves, que se agita um pouco com Slow Show e sobe ainda de intensidade com Apartment Story, outro belíssimo momento do disco com reminiscências de The Jesus and Mary Chain. A melancolia é que parece imutável. E inevitável. O que virá a seguir? Explosão? Não. Os The National mandam-nos ter mais calma, ainda que o nome do tema seja bélico: Start A War. A dolência dos Tindersticks está presente no refrão do tema seguinte, Guest Room. Racing Like a Pro, instrumentalmente, entrelaça-se com algo que o guitarrista, Bryce Dessner, tem feito com os seus Clogs. Não espanta: os arranjos de cordas de "Boxer" são de outro Clog, Padma Newsom, excelentes em Ada. O final fica para Gospel, mais uma grande canção a fechar um disco inteligente e equilibrado, que nos deixa «half-awake in a fake empire».