Diz-se que Edward Mordrake nasceu com uma particularidade estranha: na parte de trás da cabeça tinha outra face, de uma mulher (a sua 'devil twin', segundo o próprio). O pessoal ligado a essa crendice popular a que vulgarmente chamamos 'medicina ocidental' parece apodar estes fenómenos como Parásitos Craniópagos. Mas - quer dizer...- o que é que eles sabem?! O folclore de fonemas anglo-saxónicos chama-lhes "freaks", que não só é muito mais fácil de dizer como é perceptível à primeira, logo, preferível. Reza a hitória que, apesar das insistências do pobre Edward - que se queixava que a sua gémea parasita lhe dizia coisas horríveis durante a noite -, não havia cirurgião daqueles dias (algures no séc. XIX) que arriscasse tal operação, por considerar certa a morte do paciente. Em desespero, Edward suicidou-se aos 23 anos - o folclore diz ainda que Edward pediu, na sua mensagem final, que a sua cabeça fosse esmagada, não fosse o caso de a rapariga querer continuar a falar com ele no além. Tom Waits retratou Edward na sua peça "Alice" (cujas canções foram registadas no disco homónimo de 2002). Deixa-se aqui a 'demo' inicial de Poor Edward, ainda, ao que parece, com o nome provisório Chained Together For Life, incluída na bootleg "Alice - The Original Demos" (gravações de 1999) - compilação disponível aqui.
Este é o melhor vídeo envolvendo um microfone alojado numa máscara de oxigénio que vão ver em toda a semana - e consubstancia, mais ou menos, o equivalente musical à expressão «Até borras-te!...».
Partimos de Beck e de "Sea Change", mais uma vez, até chegarmos ao monumento intemporal "Five Leaves Left"de Nick Drake. Desta vez, uma espécie de revisitação ao fabuloso River Man, com o nome Round The Bend.
O Beck é um tipo engenhoso. Pegar em três das características mais notórias do som disco (os contratempos da bateria, o baixo 'pululante' e os arranjos quase-barrocos das cordas), colocá-las num 'anti-natural' regime downtempo e fazer com que as peças do puzzle se unam na perfeição, é de génio.
Max Bruch foi um compositor romântico alemão que, entre outras obras, compôs três concertos para violino (o primeiro é o mais célebre, ao que parece). O primeiro para violino de Bruch é inspirado no trabalho que Mendelssohn Bartholdy (Mendelssohn, para os amigos) havia feito para o seu concerto n.º 1 para violino, dois concertos que fazem parte do repertório de qualquer violinista que se preze. É corriqueiro, até, que os dois concertos sejam tocados no mesmo espectáculo. O "Concerto n.º 1 para Violino em Sol menor, Op. 26" de Bruch foi acabado de compor nos inícios de 1866, sendo a sua primeira performance conduzida pelo próprio compositor, em 24.04 daquele ano. Esta obra é de uma beleza extraordinária, acessível e altamente recomendável, e não foge às regras básicas dos concertos clássicos: 3 andamentos, em que o inicial é rápido, o do meio mais lento, acelerando outra vez no andamento final. Fique-se com a performance da coisa por Maxim Vengerov - circa 1993 - com a Leipzig Gewandhaus Orchestra, conduzida por Kurt Masur (em ficheiros áudio).
Em vídeo, podem também observar a versão de 2002 de Gil Shaham com a Orquestra Filarmónica de Israel (mais fraquita que a de cima, acho), conduzida por Dan Ettinger.
[Para ler/ouvir/ver coisas destas, mas por quem sabe, é favor carregar aqui.]
É o título para o primeiro filme dos Sigur Rós, adianta a editora Beggars Group. Trata-se de um documentário - ou, se preferirem, rockumentário - rodado no Verão de 2006, no decorrer de uma digressão pela ilha caseira. "Heima", em islandês, quer mesmo dizer qualquer coisa parecida com "em casa". O filme é realizado por Dean Deblois [nomeado para um Óscar pela realização de "Lilo & Stitch" (2002)] e a sua edição, em DVD, está prevista para 6 de Novembro. Coincidente com a saída do filme, será também lançado um duplo disco, com o nome "Hvarf/Heim". O teaser, lançado durante o dia de ontem no You Tube, confirma o já costumeiro cuidado e extrema qualidade dos Sigur Rós em tudo o que por eles é lançado. A começar, desde logo, pela fotografia.
(Ainda que este tasco - como já repararam - não seja muito dado a notas pessoais, até porque o dono do tasco é, por natureza, o ser que ouve os desabafos dos seus frequentadores, enquanto lhes enche de tinto a malga...)
O meu amigo co-Minimalista de Schindler, Diego Armando Maradona Maria II, enviou-me um vídeo dos Radiohead a tocarem a música There There no programa "Later with Jools Holland". Ora, isto trouxe-me à memória - coincidência das coincidências - que em 26 de Julho de 2002 fui ver a banda ao Coliseu do Porto (aventura na qual, entre outras pessoas, o Diego me acompanhou), num concerto absolutamente fabuloso. Concerto esse que começou - coincidência das coincidências - precisamente com a música There There.
There There, Radiohead "Hail to The Thief" (2003) Ao vivo no "Later with Jools Holland"
(Lembro-me que havia, aqui há uns tempos, um vídeo de There There do concerto de 26.07.2002, mas foi entretanto retirado)
No dia seguinte, 27.07, os Radiohead voltaram ao palco do Coliseu, tendo tocado, entre outras, esta versão provisória do tema I Will (nota: a qualidade da imagem e do som não é a melhor).
I Will, Radiohead "Hail To The Thief" (2003) Ao vivo no Coliseu do Porto, 27.07.2002
Song To The Siren é considerada uma das melhores canções de sempre. Justamente. Não só a música é lindíssima e hipnótica como o canto da sua musa, como a letra é excelente. Escrita a meias por Tim Buckley e Larry Beckett (companheiro de Tim na banda The Bohemians, no início dos anos 60). A primeira aparição pública da canção surge em Março de 1968, no programa televisivo da banda The Monkees, apenas com a guitarra de 12 cordas a acompanhar a impressionante voz de Buckley.
A música é editada por Tim Buckley apenas em 1970, como parte do excelente "Starsailor".
14 anos depois, os This Mortal Coil gravam a música, mudando-lhe um pouco a letra. A hipnose é quase completa, até atendendo à forma como Elizabeth Fraser canta. Esta é a versão mais conhecida da música. O realizador David Lynch apaixonou-se completamente por esta versão, tendo querido introduzi-la no filme "Veludo Azul" (Blue Velvet, 1986), mas não conseguiu os direitos da música. Conseguirá, mais tarde, incluí-la no filme "Estrada Perdida" (Lost Highway, 1997), mas não lhe é permitida a sua inclusão no disco da banda sonora. Conhecida também a inclusão de um excerto da música num anúncio televisivo ao perfume "Noah".
Muita outra gente fez versões desta canção. A título de exemplo, e por deferência com o peso musical da personagem, aqui fica a versão do ex-Led Zepp, Robert Plant.
(Gravado no Ambassador Hotel de Los Angeles, local onde Robert Kennedy, irmão do Presidente de mesmo apelido, foi assassinado, e que foi demolido em 2006)
"Did you hear the news about Edward? On the back of his head he had another face Was it a woman's face or a young girl? They said to remove it would kill him So poor Edward was doomed
The face could laugh and cry It was his devil twin And at night she spoke to him Things heard only in hell But they were impossible to separate Chained together for life
Finally the bell tolled his doom He took a suite of rooms And hung himself and her from the balcony irons Some still believe he was freed from her But I knew her too well I say she drove him to suicide And took poor Edward to hell"