Novidades - Rufus Wainwright

Logo aos primeiros sons de "Release The Stars", com Do I Disappoint You, lá está ele! A imbricação da pop com a composição clássica, com o recurso às cordas e aos metais, tudo envolto de uma imponência majestática e ultra-dramática (se eu fosse mauzinho usaria a expressão drama queen...).
Depois vem o primeiro avanço do disco, também ele drama que chegue, a hiper-balada ressentida Going To A Town (já aqui postada, em formato vídeo), que dá lugar à elegância de Tiergarten - também ela impregnada de Rufus, com aqueles coros de vozes já característicos.
Nada é muito sóbrio em Wainwright. Tudo parece ser levado ao extremo, muitas vezes na fronteira do aceitável (nem me lembrem, por favor, daquela faixa de abertura de "Want I", Oh, What A World, com o "Bolero" de Ravel lá pelo meio, valha-me deus...).
A verdade é que tudo neste "Release The Stars" está muito mais que aceitável e Nobody's Off The Hook (a 4.ª música) se abata sobre mim como um raio, se isto não é verdade. O piano e a voz de Rufus, aconchegados por belíssimas cordas. Excelente.
A sexualidade, mais que a sensualidade, é também um traço característico do cancioneiro Ruffiano e lá está Between My Legs («I don't shed a tear between my legs...»), com laivos glam-rock e talvez a música com o tempo mais rápido da discografia deste canadiano.
Em Rules and Regulations há um trompete em registo quase mariachi e, depois, uma flauta em "disputa" com um trombone a dar a cor a um pop majestoso em que os sopros são as grandes estrelas.
Logo a seguir, os conflitos existenciais de Rufus Wainwright tomam os holofotes com a balada Not Ready To Love e o "pop-cabaret" de Slideshow, com um solo de guitarra à Mark Knopfler (!).
Tulsa, musicalmente, é uma pequena ária de uma qualquer ópera, entre o cabaret e a Broadway.
Logo a seguir, o dramatismo (mais uma vez) de Leaving for Paris No. 2.
Sanssoucis é sinfonismo e o disco acaba com a faixa-título, uma balada soul que, de tão esticada, se vê possuída pelo cabaret e, depois, exorcizada pela Broadway, com um final em que só falta mesmo o fogo de artifício, dando ao disco um ar de espectáculo de music-hall.
Assim vai o mundo de Rufus Wainwright. Os seus trabalhos de composição para a Broadway parecem reflectir-se neste "Release The Stars", que conta com a produção do Pet Shop Boy Neil Tennant.
Não conseguindo postar três favoritas...
Nobody's Off The Hook
Slideshow
Release The Stars