«This album was recorded and mixed at Media Sound, Studio B, N.Y.C., in essentially the order you have here. It's meant to be listened to in one 58 minute (14 songs!) sitting as though it were a book or a movie» - Lou Reed.
Sempre ligado à sua cidade, só no final dos anos 80 é que Lou Reed dedica um disco a New York. 14 histórias e fábulas urbanas.
Numa visita a uma grande superfície comercial ali para os lados do Porto, o meu irmão mostrava-me a sua última conquista: «Este é o Lou Reed...», disse-me enquanto me mostrava o vinil do "New York". Eu tinha 12 ou 13 anos e não percebi nada do que ele me estava a dizer. O pouco inglês que eu sabia tinha-me sido ensinado pelos filmes, pelo Bruce Springsteen e pelo Bob Dylan. Não o sabia, mas estava a dias de juntar o Lou Reed à lista de "professores". O que eu não atingi foi que um disco como "New York" (com as histórias imbricadas, o sarcasmo e a "bílis na língua" típicos de Lou Reed) é imperceptível para um puto de 12 ou 13 anos que havia nascido, vivia e crescia numa pequena terra do Norte de Portugal.
O som é cru. Temos duas guitarras, um baixo e uma bateria - ponto. Não abundam arranjos musicais fascinantes, só o velho mote de Dylan «...a red guitar, three chords and the truth» - pelo menos, a verdade de Lou Reed.
Agora de repente senti-me mais velho, ao perceber que este disco tem quase 20 anos. Bolas, lembro-me tão bem de ele sair, de o comprar e de o ouvir até à exaustão... Foi uma espécie de renascimento do Reed, ainda mais improvável por vir a seguir ao infame Mistrial - provavelmente a coisa mais miserável que ele jamais gravou. Desde o Berlin que não fazia nada tão bom como isto, e não secou a veia: depois veio o Drella, com o Cale, e o igualmente excelente Magic and Loss.
Pequeno fait-divers inútil sobre o "good evening mr. waldheim": as referências ao papa fizeram com que a edição italiana do disco viesse sem letras :) Abraço
Não tinha conhecimento dessa "censura" italiana do "New York", mas faz todo o sentido: a letra da Mr. Waldheim é uma violência... Obrigado pelo "apontamento". Abraço.