O ainda adolescente impressionável Gordon Gano (na sua versão 10.º ano de escolaridade) escreveu uma canção tendo por base uma notícia de 1862 sobre um homem que empurrou a filha para um poço, causando-lhe a morte, ao que se seguiu uma pequena viagem até ao seu celeiro para uma curta e definitiva querela entre a sua traqueia (a do homem, não a do querido cliente deste tasco que está a ler isto) e um nó de uma corda suspensa. A canção abre o segundo disco dos Violent Femmes, "Hallowed Ground".
[Pode não ser já hoje. Ou amanhã. Mas tenho a beata fé que chegará aquele dia em que a Humanidade vai agradecer a Brian Ritchie por tudo o que ele fez. Quer dizer, só esta "módinha" já era bem merecedora de uma estátua. Em ouro.]
Na casa-mãe da Bor Land, com vista para a Avenida dos Aliados e da Câmara Municipal da Invicta, tive o privilégio de assistir ao evento da Bor Land - label dos portugueses Old Jerusalem, Carlos Bica, La La La Ressonance e Alla Polaca, entre outros -, de nome Innerland, na sua 2.ª edição. Tratava-se de um concerto de Old Jerusalem, para 40 pessoas, com a promessa da maior intimidade possível - o que, estando a falar de Old Jerusalem, é mesmo a maior intimidade possível. Por €15, via-se o espectáculo, era oferecido o "The Temple Bell" e ainda um buffet no final da festividade. E, meus caros, a intimidade foi total. Uma guitarra acústica, sem micros, um baixo eléctrico ligado a um combo e bateria tocada com as denominadas "vassouras", tudo arrumado a um canto de uma das divisões do espaço, sem qualquer preocupação com a iluminação ou qualquer outro recurso para a criação de ambiente. Um Francisco Silva muito comunicativo foi o mestre de cerimónias e as músicas do catálogo de Old Jerusalem foram apresentadas quase despidas. Foi assim com Her Scarf, Ruler Of My Heart, Time Time Time e Twice The Humbling Sun, de "The Temple Bell"; uma ligeiramente diferente 180 Days, O Joy of Seeing You, Seasons, de "Twice the Humbling Sun" e Always Do, de "April". Quanto a versões, também as houve. Sumarentas. Aliás, o concerto começou com For The Sake of The Song, de Townes Van Zandt, tocado a solo por Francisco Silva. Mais tarde no alinhamento apareceu a fenomenal música de Neil Young, Harvest Moon, tocada em half tempo. Muito bem conseguida também. Momento muito peculiar surgiu com uma versão de Proove My Love dos Violent Femmes (!).
Um excelente concerto, portanto. Único. Aqui ficam as versões acima referida, mas agora pelos originais.